Aviso: Texto Longo
Congresso Luso Afro-Brasileiro de línguas (CONLAB). Grupo temático: Sociologia do Esporte. Título: A Miscigenação e a Copa do Mundo no processo da construção da identidade nacional brasileira. É o motivo que estou em Lisboa, Portugal (ou se preferir, o quintal do Brasil).
Impressões? Muitas. Pensei que por ter a mesma língua e por nos colonizar, sei lá, Lisboa teria algumas semelhanças com o Brasil. Capaz, tem nada a ver. Infelizmente, me pareceu, a primeira vista, que aqui não era a Europa (a tal Europa de que tantos brasileiros falam) e isso se confirmou quando perguntei para alguns moradores. Ele disseram que realmente que outros europeus não consideram Portugal como Europa (no mínimo triste). A cidade é como qualquer outra capital de um país: Movimentada, pessoas de terno e gravata, carros oficias e etc. Mas o que mais me impressionou aqui foi a arquitetura mesclando construções muito antigas com edifícios contemporâneos. Conheci o bairro alto, cheios de bares e muitas escadas. Realmente as coisas aqui são bem acessíveis. Para você ter uma ideia, pode-se comprar um carro (de boinha) por apenas 500 euros. Algumas coisas eletrônicas me espantaram. Há máquinas que devolvem troco.
Uma coisa do qual não tinha consciência e que vi aqui foi a tal crise econômica. Me disseram que na Espanha está pior, mas sei lá, crise é crise e é foda para qualquer um. Aqui as coisas são baratas, muito baratas. Tipo, você pode pagar um belo prato de comida com entrada de queijos e pães por apenas 8 ou 9 euros. Roupas, tênis e etc. também são baratos. Café é barato (um pouco mais forte que o brasileiro). E o que dizer dos Vinhos (garrafas por 2 a 3 euros e os mais caros de 15 a 40 euros). Pasteizinhos de Belém (ou como eles chamam aqui, pastel de nata) excelentíssimos e muito baratos (Mãe, vou tentar levar). Não sei se é por conta da crise que os preços são baixos. Devem ser, porque aqui deve ter ocorrido uma deflação. Vi algumas pichações, cartazes contra a União Européia e contra políticas de austeridades. Realmente para alguns portugueses, não sei a maioria, a situação tá foda. E você que acha que o Brasil tá uma merda, dê uma visitinha aqui fera (nem vou entrar em questão de quem votou no Aécio ou não. Só penso que falam muito mal do país sem motivos ou sem qualquer argumento plausível), para ver como as coisas funcionam. Mendigos aqui, pelo menos os que vi, possuem casas, só não tem dinheiros para comer e ficam te pedindo para isso. Coisa do tipo: Senhor, passei o dia inteiro sem comer nada, você não tem 2 euros para eu comprar um lanche?
Deixando a crise de lado e passeando como turista, as comidas são fartas pelos preços que elas têm. Comi desde massas aos mais variados tipos de carne de porco. Não como peixes e isso me fudeu aqui. Em qualquer buffet, tinha que ficar ligeiro pois eles colocam peixe em quase tudo. Na janta do hotel, vi uma salada de grão de pico e fui pegando. Ao dar a primeira garfada percebi algo estranho e quando vi era bacalhau. No almoço do congresso sempre havia um salgadinho frito, como se fosse um rissoles. Porém, ao morder, aquela porra também era de bacalhau. Mas o melhor prato que comi, foi uma bochecha de porco preto, com purê de batata e acho eu, com uns pedações de bacon. Carne Macia e nem precisava de muita força pra cortar. Delicioso mesmo. Outro prato foi um spaghetti carbonara, com molho de nata e bacon mais ou menos frito. Vinhos? Não era muito chegado, mas são realmente bem saborosos e combinam demais com o frio.
Ahhhhhh o frio. Sai de Ribeirão com 37ºC e cheguei aqui com 10ºC. Bem demais!!!!!! Alias, sai do Brasil como brasileiro e entrei em Portugal como italiano, cidadão da União Européia (exatamente o que estudo). Só que é muito frio. Mas tipo, muito frio mesmo. É tanto frio que foi a primeira vez que agradeci por ter pelos. Frio que o vento cortava a pele, deixava o nariz vermelho, às vezes as orelhas sem senti-las e as mãos totalmente gélidas. É muito frio, já me disseram que já foi pior, mas mesmo assim to curtindo pra porra.
E o que falar da língua portuguesa falada por portugueses? Hahahaha, um tanto quanto confusa. Algumas pessoas entendo o que falam, outras não. Eles não tem gerúndio e alguém me chamou de puto aqui (puto = menino). Mas o mais dahora foi o café da manhã. Ao chegar no hotel, perguntei a recepcionista:
- Tem café da manha incluído?
- Tem o pequeno almoço.
- Sim, mas e o café da manhã?
- O pequeno almoço.
Vazei-me para o quarto e demorei algumas horas para perceber. Só fui entender ao ver uma tradução na legenda de uma série na Tv de breakfast. Aqui eles chamam café da manhã de pequeno almoço. Bem legal. Mas fora isso me comunico muito bem. É mais confortável do que um país com outra língua. Tu se adapta mais rápido.
O congresso, de suma importância para o currículo e formação. Ótimas palestras e mesas redondas. Minha apresentação? Um tanto quanto tensa. Na platéia, só professores e nenhum aluno com a mesma titulação que a minha. E o melhor, quando abri meus slides para a apresentação, o computador da sala desconfigurou totalmente o que tinha feito (Ai você deve estar pensando: Burro, por que não salvou em PDF? O congresso pediu que o formato fosse ppt). Ainda bem que não perdi minhas falas mas esse ocorrido me deu uma certa angústia, tremedeira e um cagaço do tamanho do mundo. No final deu tudo certo, sugestões e críticas fortes para mim porém, pertinentes e o melhor, não pedi pra ligar o ar condicionado porque tava frio.
Agora as latas, (propósito do blog não?). Fui mais de boa dessa vez, não comprei 38 latas e nem fiquei muito a caça. Fui atrás apenas das latas que mais caracterizavam Portugal:
Como a Sagres (cerveja um pouco mais forte que as brasileiras, mas quase igual), a Super Bock (cerveja de inverno) e as tradicionais Cocas (uma descafeínada), um refrigerante típico de laranja (Sumol) uma lata com dizeres em português clássico de Guaraná. E finalmente consegui achar a tal da 7up (setup). Dessa vez foram apenas oito latas e mais nada. A propósito, elas são baratas aqui também (cerca de 0,70 euros).
Infelizmente não tive muito tempo para conhecer melhor Lisboa por conta do tempo que o congresso me tomou. Volto feliz para o Brasil e cada vez que saio para o estrangeiro, tenho a certeza de que o Brasil é o melhor país para se viver no mundo e foda-se.
E o que escrevi aqui foram as minhas impressões que tive da viagem. Não leve em conta tudo isso. Tenha sua própria experiência. Só quero compartilhar a minha. ;)
Valeu Portugal, Valeu Lisboa, Valeu mana, Valeu pai e mãe, Valeu orientador, Valeu a mim e valeu a você que leu tuuuudo isso. =)
PS: sugestão de uma música: https://www.youtube.com/watch?v=MZXf1Wkv_KY
Seja bem vindo de volta, xu!!!!
ResponderExcluir