Mano...tem sido uma bad trip tentar escrever para o Blog. Não só esse mas para o outro que eu tenho também. Não é de hoje que a vontade e o impulso pra escrever não aparecem. Vem de mais tempo. Um tempo que eu estudava e queria viver desse sonho. Esse sonho passou...não há mais estímulos em mim para seguir na vida acadêmica. Transferir a culpa nisso é muito fácil...mas o verdadeiro culpado sou eu. Então, peço paciência pra caso a estrutura textual não seja das melhores.
Uma coisa que fiz na quarentena foi recontar todas as latas da minha coleção. Ao todo...com uma margem de erro de 10 latas para mais ou para menos...foram contadas 2744. Pode ser um número grande pra ti mas para mim não é. São 2744 histórias em 18 anos. Dezoito anos são 6570 dias. Se você pegar uma calculadora aí vai ver que em 40% desses dias eu me dediquei a busca de latas. Não é pouca coisa mas vou parar de falar em números pq se continuo a fazer estatísticas sobre histórias...elas vão perder o seu significado. Tipo os números de mortes da Covid 19 no Brasil. São 51 mil pessoas perdidas e infelizmente para muita gente é só mais um número do que milhares de famílias em luto. Afinal, uma morte é uma tragédia...várias delas viram estatísticas.
Além disso, venho falar dessa lata:
Demorou e está demorando para enfrentarmos temas que fazem qualquer almoço de família virar a explosão de Chernobyl: Racismo, Machismo, Homofobia, Gordofobia, Desigualdade social e tudo que foge da cretinice da perspectiva das pessoas brancas, privilegiadas e intocáveis. No meu caso em particular, a consciência crítica e política sobre algumas latas da coleção põe em cheque essas bandeiras das causas sociais que tanto levanto e simpatizo.
Assim, quando vem uma lata igual a essa da foto (uma cerveja russa e na lata uma mulher com decote provavelmente servindo cervejas à homens) o políticamente correto pesa. Fico pensando se o fato de aceitar tais latas ou até mesmo comprar e estar financiando empresas com esse tipo de política cretina, preconceituosa e estereotipada...não fere as bandeiras que tanto apoio. Lembro que o maior exemplo que tenho na coleção é uma lata de cerveja da África do Sul que remete a cerveja mais consumida no período do Apartheid pelos brancos.
Essa situação me leva a pensar sobre não aceitar tais tipos e propagandas em latas. Para um colecionador...Esse pensamento nem seria cogitado como um filtro no que deve ou não deve estar na coleção. Pra mim...Esse pensamento é recorrente por pelo menos uns 4, 5 anos.
Hoje, não tomei atitude se jogo fora ou não. A medida paliativa foi escondê-las atrás de um turbilhão de latas que me remete a diversidade e aquilo que me remete e que me dá uma esperança por um mundo mais suave.
Não sei o que fazer. Se tiver uma sugestão...me mande por favor.
Obrigado pela leitura.