quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Aparência x Essência: A sociedade do Status

Uma das minhas propostas de estudo no meu Mestrado foi o contexto histórico, político, econômico e sociocultural que vivemos ou estamos vivenciando seu fim ou sua readaptação, a Globalização. Me aventurei por disciplinas nas quais eram complicada a interpretação e o entendimento, mas com o tempo isso foi sendo contornado. E uma das coisas descobertas e pensadas por mim foi o quanto é determinante, influenciador e preponderante o dinheiro em nossas vidas, nos nossos modos de pensar, agir e principalmente em julgar. 

Por isso, considerei o Capitalismo e suas fases (liberalismo econômico, keynesianismo, neoliberalismo e etc.) como o maior processo civilizatório que temos desde que o sistema econômico mundial mudou do Feudalismo/Escravidão para a Revolução Industrial. Inclusive, esse termo "Processo civilizatório" foi um dos ganchos para comparar o mundo com o esporte (isso porque o esporte também tem um caráter de processo civilizatório...mas isso é para o outro blog). Para dar um tapa melhor nesse pensamento, segue uma parte de minha dissertação:

"Parece adequado presumir que se houve mudanças econômicas e políticas na forma de gerir o capital financeiro, nas transações financeiras e nas formas de governar os Estados-nação (neoliberalismo), houve também, mudanças nos aspectos sociais e culturais das instituições e das pessoas que vivem esse processo, mais que econômico, da globalização. O motivo disso é a característica do capitalismo como um processo civilizatório. Podemos observar que devido à força, a complexidade, a abrangência e a expansividade do capitalismo como processo civilizatório, as mais diversas formas de organização das atividades produtivas e da vida social tendem a ser recobertas, subordinadas, modificadas ou dissolvidas por esse processo, segundo Ianni (2001). E se considerarmos realmente o capitalismo como um artefato civilizatório, o processo da globalização, pensado como a internacionalização dos capitais, ocasiona nas sociedades atuais mudanças contínuas nas suas formas de lidar com o mundo nos seus âmbitos sociais e culturais" (p.61).
Portanto, esse processo civilizatório que eu descrevi, ao meu modo de ver, nos leva ao Status, a busca incessante por status, pela aparência, por aquilo que queremos ser vistos e não por aquilo que queremos ser pensados. É sobre essa forma de viver o mundo que eu volto a escrever hoje, pois se você não se encaixa nessa forma de pensamento e de subordinação para que você serve então? Não era para ser tão difícil fazer o que gosta e manter a realização dos seus sonhos em dia. Porém, com esse processo civilizatório e na Sociedade do Status (Metaforizando Guy Debord quando ele conceitua a "Sociedade do Espetáculo") é totalmente difícil, árduo e tenebroso manter sonhos que possuem longos prazos para se realizarem. Mas isso não importa, não importa seu sonho ou o que você pensa em fazer. O que importa é o resultado, o que  importa é o seguir a cartilha (que é a mesma de 200 anos atrás): trabalhar, casar, ter família, aposentadoria e morte. Ou pior, o que importa é seguir regras sociais e ter o crivo, a aceitação de pessoas que você não devia dar atenção. 

Para essa última frase, lembro do livro do "Fight Club" com um ótimo pensamento (Ah Chuck, azar daqueles que pensam que os seus livros são mera ficções sociais): "Compramos coisas que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para impressionar pessoas de quem não gostamos". 

E o que melhor representa todos esses pensamentos e desabafos (queira pensar como quiser) é essa "nova" lata aqui: 

  
Tá ligado que a Fanta quer aumentar seu espaço no mercado. Mudou de visual, mudou sua forma de propaganda e etc e lançou uma Fanta Guaraná. Pois bem, nada mais justo de tentar alcançar a concorrência com algo novo e que possa fazer diferente...mas lembra da aparência x essência? Então, a aparência é nova, dahora, bonita, do caralho, mas a essência meu caro e minha cara, não é não hahahahaha. Essa, tive o prazer de experimentar. E ao dar o primeiro gole, o gosto era de Kuat (que não saiu do mercado) e foi lançada à uns 18 anos para concorrer com o Guaraná Antártica. Ou seja, bom para a coleção que ganhou mais uma lata. Ruim para aqueles que achavam ou procuravam por algo maior de conteúdo. 

Só para deixar claro, acho que todos gostam de ganhar ou ter dinheiro. É o nosso jeito de sobrevivência e barganha aqui. A minha crítica é a forma de como ele é usado para o poder, a subordinação, o julgamento e para o corrompimento dos valores, crenças e sonhos que você acha certo em seguir e lutar. 

É bom voltar a escrever. Me faz tão bem. :)

Apesar da caralhada de pensamentos que fiz aqui, obrigado pela leitura e desculpa se algo o/a incomodou. 

O som de hoje: Blink 182 - Story of a lonely guy (https://www.youtube.com/watch?v=UWNtFF07Nj8).